Kátia Bogéa diz que foi demitida por Bolsonaro do Iphan a pedido de Luciano Hang, da Havan

1184

Numa declaração à coluna Painel da Folha de São Paulo, publicada neste domingo (24), a ex-presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Kátia Bogéa disse que sua demissão do órgão foi uma decisão do presidente Jair Bolsonaro para atender interesses do empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan. O assunto foi abordado pelo presidente na reunião cujo vídeo foi divulgado nesta sexta-feira (22) por determinação do ministro do Supremo Celso de Mello.

Na gravação, Bolsonaro chega a dizer que vacilou ao manter a ex-presidente do Iphan e criticou o órgão porque chegou a suspender a construção de uma filial da Havan no Rio Grande do Sul porque no terreno foram encontradas fezes secas e isto obrigaria um levantamento arqueológico na área.

“O Iphan para qualquer obra do Brasil, como para a do Luciano Hang. Enquanto tá lá um cocô petrificado de índio, para a obra, pô! Para a obra. O que que tem que fazer? Alguém do Iphan que resolva o assunto, né? É assim que nós temos que proceder”, disse o presidente.

Segundo a Folha, Kátia Bogéa disse que Bolsonaro mente quando faz o discurso de que os cargos na Administração federal são ocupados com critérios técnicos e desabafa: “É triste ver o Iphan invadido por gente sem formação”.

Ela afirma que antes de ser demitida, começou uma sucessão de trocas de cargos, após a queixa de Hang. Primeiro, caiu um diretor técnico, em seguida, coordenadores em importantes superintendências, como a de Minas Gerais e do Rio, que foram trocadas por pessoas sem formação, como informa a Revista Fórum.

No dia 07 de agosto de 2019, Luciano Hang reclamou que técnicos do Iphan encontraram fragmentos fósseis e teriam paralisado obra de uma loja da Havan em Rio Grande, no Rio Grande do Sul.

Segundo Kátia Borgea, a obra foi paralisada após a empresa contratada por Hang reportar ao Iphan um achado arqueológico. “Ele criou esse escarcéu porque nem a mais simples das obrigações eles querem fazer. Estávamos ali para cumprir a Constituição. O que queriam é que não observássemos a lei”, diz ela.

No mês anterior, ela esteve em São Luís para anunciar as obras de requalificação das praças Largo do Carmo e João Lsboa e da Rua de Nazaré, bem como a construção da Praça Largo das Mercês. Na oportunidade, ele chegou a anunciar que pretendia trazer o presidente ao Maranhão no final de agosto ou início de setembro a fim de anunciar esse grande presente a São Luís.

Kátia Bogéa, por muitos anos, foi superintendente do Iphan no Maranhão, de onde saiu nos últimos meses do governo de Dilma Rousseff, mas se tornou presidente do órgão com a posse de Michel Temer.

(Com informações do Brasil 247)

DEIXE UMA RESPOSTA

Digite seu comentário!
Digite seu nome aqui