
AQUILES EMIR
Lançado neste fim de semana, o manifesto Estamos Juntos, assinado por diversos artistas (cantores, atores, cineastas etc) e alguns políticos, dentre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (candidato derrotado a presidente na eleição de 2018) e o governador do Maranhão, Flávio Dino, foi duramente criticado pelo ex-presidente Lula, em reunião do PT nesta segunda-feira (1º). O movimento tenta ressuscitar o Diretas, já, que reuniu personalidades de diferentes linhas de pensamento, em 1984, pela retomada das eleições diretas para presidente da República.
Lula, segundo reportagem de Joelmir Tavares, da Folha de São Paulo, classificou o movimento como um projeto da elite brasileira. “Li os manifestos e acho que tem pouca coisa de interesse da classe trabalhadora. Não se fala em classe trabalhadora, nos direitos perdidos”, afirmou. Além do Estamos Juntos, criticou o Somos 70% e o Basta!, que também seguem numa linha de confronto com o governo de Jair Bolsonaro.
Para Lula, é desconfortante a presença, nas listas de apoio a esses movimentos, de pessoas que apoiaram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que abriu caminho para a eleição de Jair Bolsonaro.
“Sinceramente, eu não tenho mais idade para ser maria vai com as outras. O PT já tem história neste país, já tem administração exemplar neste país. Eu, sinceramente, não tenho condições de assinar determinados documentos com determinadas pessoas”, afirmou.
Alguns dos manifestos, segundo o ex-presidente, são “feitos com boas intenções” e contam com “gente muito boa assinando”, mas também quem está fugindo do barco. “Nós precisamos apoiar qualquer manifesto que for para resolver o problema do Brasil, [mas] não podemos ser levados pela euforia”, acrescentou.
Segundo Lula, muitos dos que assinaram os manifestam são contra Bolsonaro, mas apoiam a política econômica de Paulo Guedes. “[Tem] muita gente de bem que assinou. E tem muita gente que é responsável pelo Bolsonaro. O PT tem que discutir com muita profundidade, para a gente não entrar numa coisa em que outra vez a elite sai por cima da carne seca, e o povo trabalhador não sai na fotografia.”
O petista disse não ter certeza se o objetivo das mobilizações é tirar Bolsonaro, “porque o que interessa para a elite brasileira é a política de desmonte do Guedes. Eles estão tentando reeducar o Bolsonaro, mas não querem reeducar o Guedes”.