Maranhão tem a quinta pior colocação em ranking de transparência fundiária na amazônia

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O Instituto de Colonização e Terras do Maranhão (Iterma) obteve a quinta pior colocação numa avaliação de transparência ativa de informações sobre terras públicas, realizada em oito estados amazônicos. O órgão não apresentou 54% dos indicadores analisados.

O resultado compõe o estudo Transparência de Órgãos Fundiários Estaduais na Amazônia Legal, recém-publicado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). De maneira geral, o trabalho mostrou que os estados amazônicos falham na transparência de informações sobre as terras públicas estaduais sem destinação definida (ou seja, que não receberam títulos de posse nem foram destinadas a Unidades de Conservação, assentamentos ou territórios de populações tradicionais, indígenas e quilombolas).

Além do Maranhão, foram analisados Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Roraima e Tocantins. Só Rondônia ficou de fora por ter uma regularização fundiária predominantemente federal. Em nenhum, foi encontrada uma situação 100% satisfatória de compartilhamento de informações. A média foi de 56% de indicadores ausentes na transparência ativa.

A chamada transparência ativa diz respeito à publicação espontânea de dados pelos órgãos fundiários, tanto os de natureza administrativa e institucionais quanto os de ações e resultados. Esse último grupo está diretamente relacionado à localização das terras públicas, titulação de imóveis e criação de assentamentos, entre outras destinações possíveis para esses imóveis.

O estudo também avaliou a transparência passiva dos órgãos fundiários, que corresponde à resposta, no prazo legal de 20 dias, a solicitações realizadas por meio de plataformas eletrônicas de Serviço de Informação ao Cidadão (e-SIC) ou por ofício. O Imap respondeu apenas um de dois pedidos de informação no prazo, e sua plataforma de e-SIC obteve nota 7,1 de 10.

“Existe uma confusão dos órgãos fundiários em relação ao aspecto sigiloso dessas informações. Elas se referem a um patrimônio público e, portanto, a sociedade tem direito de saber onde estão essas terras e quem está solicitando títulos referentes a elas”, afirma a advogada Brenda Brito, pesquisadora associada do Imazon. Ela frisa que a transparência afasta suspeitas de favorecimento indevido de grupos e indivíduos e é a melhor aliada no combate a conflitos pela posse de uma terra já ocupada por uma pessoa ou um grupo; na identificação de grilagem; e na regularização de imóveis em zonas rurais.

“No Maranhão, apenas 36% dos indicadores administrativos foram satisfatórios e não houve nenhuma informação satisfatória de ações e resultados do Iterma. As informações sobre procedimentos da LAI também deixaram a desejar, com 80% de indicadores ausentes”, indica o também advogado e coautor do estudo Dário Cardoso Jr. “Há muito o que melhorar também na transparência passiva, começando pelo formulário do e-SIC, de maneira que ele não limite o tamanho das perguntas; confirme o recebimento do pedido de informações; notifique sobre a resposta enviada; e ofereça a possibilidade de o solicitante apresentar recurso após a resposta, se considerar nece ssário.

O destaque positivo é que o site do Iterma facilita a vida de quem precisa organizar documentação para entrar com algum pedido no órgão, fornecendo links para baixar formulários e listas de documentos.

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