Mortes por armas de fogo aumentaram 1% no Maranhão em 2015, segundo pesquisa do Ipea

1765

AQUILES EMIR

Os homicídios por arma de fogo no Maranhão aumentaram 1% em 2015 na comparação com 2014. É o que revela números do Atlas da Violência 2017, divulgado nesta segunda-feira (05) pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

De acordo com os números, os assassinatos no estado com esse tipo de arma, ano passado, representaram 24,9 ocorrências para cada grupo de 100 mil habitantes, enquanto em 2014 tinham sido 24,6. Pela estatística do Ipea e Forum da Segurança Pública, a evolução dessa modalidade de crime nos últimos dez anos no Maranhão foi 210,6%. Em 2005, por exemplo, eram oito casos para cada grupo de 100 mil e 2015 foi o ano de maior índice (veja quadro abaixo).

No Brasil, os casos de morte com armas de fogo registraram 20,5 ocorrências para cada grupo de 100 mil habitantes, uma diminuição de 3,0%, já que em 2014 os números apontavam para 21,1 casos. Segundo o professor e pesquisador Daniel Cerqueira, essas mortes estão relacionadas a acidentes domésticos, suicídios e crimes decorrentes de conflitos interpessoais. “Existe uma ideia de que o cidadão angustiado com a violência vai se armar e ficar mais seguro, mas é ledo engano. A arma de fogo dentro de casa contribui para aumentar as probabilidades de alguém sofrer homicídio dentro daquela residência.”

O pesquisador afirma que a difusão do porte legal de armas também contribui para que mais armas cheguem ao mercado ilegal, seja via roubos ou vendas ilegais. Com o aumento dessa oferta no mercado ilegal, o preço dessas armas cai e mais “criminosos desorganizados”, como assaltantes, têm acesso a elas. “Cerca de 40% das armas apreendidas em crimes são de procedência nacional e foram registradas”, diz ele.

Se nacionalmente 71,9% dos homicídios se dão com armas de fogo, os estados em que a violência mais têm crescido nos últimos dez anos têm taxas bem maiores. Em Alagoas, 84,4% dos homicídios foram feitos com armas de fogo; no Ceará, foram 81,5%; na Paraíba, 83,1%; e em Sergipe, 85,1%.

Mais que terrorismo – Em números absolutos, as armas de fogo foram usadas em 41.817 casos de homicídio no país em 2015. O número de casos é 25,1% maior que em 2005.

Diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, comparou o número de mortes no Brasil em 2015 com outras tragédias. Segundo ela, houve mais de 1 milhão de assassinatos no país entre 1995 e 2015, intervalo de tempo equivalente ao que a Guerra do Vietnã deixou 1,1 milhão de civis mortos.

“É como se um Boing 737 caísse com 161 passageiros todo dia. Agora imagine que nesse Boing a maior parte dos passageiros seja de adolescentes e jovens de até 29 anos”, destacou ela. “Isso tem um custo econômico para o Estado. As perdas anuais em decorrência da mortalidade desse jovem representam 1,5% do Produto Interno Bruto. E isso é o que a gente gasta com politicas públicas de segurança.”

Negros – Os pesquisadores apontam ainda que a população negra é a principal vítima dos homicídios. A cada 100 assassinatos no país em 2015, 71 tiveram negros como vítimas.

Tanto homens quanto mulheres negras sofrem mais com a incidência da violência letal e, segundo a pesquisa, um negro tem 23,5% mais chances de morrer que um branco que vive no mesmo bairro, com a mesma escolaridade e o mesmo estado civil.

“A violência tem cor também. Os negros são a população que está mais vulnerável à violência letal”, lamentou Samira Bueno.

(Com dados da Agência Brasil)

DEIXE UMA RESPOSTA

Digite seu comentário!
Digite seu nome aqui