Morre aos 90 anos, Desmond Tutu, símbolo de resistência ao apartheid na África do Sul

297

Sua luta foi reconhecida com Prêmio Nobel da Paz em 1984.

O arcebispo anglicano Desmond Tutu, símbolo da luta contra o apartheid na África do Sul e ganhador do Prêmio Nobel da Paz, morreu neste domingo aos 90 anos, anunciou o presidente Cyril Ramaphosa.

“A morte do arcebispo emérito Desmond Tutu é outro capítulo de luto por nossa nação que despede uma geração de sul-africanos excepcionais que nos legou um país libertado”, disse o presidente em um comunicado.

Ramaphosa expressou “em nome de todos os sul-africanos” sua “profunda tristeza pela morte” desta figura essencial da história sul-africana.

“Um homem de inteligência extraordinária, integridade e invencibilidade contra as forças do apartheid, ele também era terno e vulnerável em sua compaixão por aqueles que sofreram opressão, injustiça e violência sob o apartheid, e pelos oprimidos e opressores de todo o mundo”, lembrou Ramaphosa.

Após a chegada da democracia em 1994 e a eleição de seu amigo Nelson Mandela como presidente, Desmond Tutu, que deu à África do Sul o apelido de “Nação Arco-Íris”, ele presidiu a Comissão de Verdade e Reconciliação (TRC), criada Esperando que mudasse a página sobre o ódio racial.

Desmond Tutu ganhou notoriedade nas horas mais sombrias do apartheid quando, como líder religioso, liderou marchas pacíficas contra a segregação e defendeu sanções contra o regime de supremacia branca de Pretória.

O “Arco”, abreviatura de arcebispo em inglês, estava enfraquecido há vários meses e não falava mais em público, mas nunca se esqueceu de saudar as câmeras presentes em suas apresentações, lembrou a agência de notícias AFP.

Com seu sorriso indelével ou com um olhar travesso por trás da máscara, ele continuou a cativar o olhar, seja quando ia se vacinar contra o coronavírus ou quando comparecia a uma cerimônia religiosa para comemorar seus 90 anos.

Após sua morte, a Fundação Mandela classificou sua partida como uma “perda incomensurável”.

“Para tantas pessoas na África do Sul e ao redor do mundo, sua vida foi uma bênção”, disse a fundação, chamando-o de pensador, líder e pastor.

Desmond Tutu ganhou notoriedade nas horas mais sombrias do apartheid quando, como líder religioso, liderou marchas pacíficas contra a segregação e defendeu sanções contra o regime de supremacia branca de Pretória.

Ao contrário de outros militantes da sua época, os seus hábitos salvaram-no da prisão e a sua luta pacífica foi reconhecida com o Prémio Nobel da Paz em 1984.

Fiel aos seus compromissos, foi um severo crítico dos sucessivos governos do Congresso Nacional Africano (ANC) que lutou contra o apartheid e atacou o ex-presidente Thabo Mbeki, mas também apontou para a corrupção ou fracassos na luta contra a AIDS.

Em todas as áreas ele criticou o ‘status quo’ em questões como raça, direitos homossexuais ou mesmo deu seu apoio ao movimento em favor da morte assistida.

(Agência Télam)

DEIXE UMA RESPOSTA

Digite seu comentário!
Digite seu nome aqui