Propina da Odebrecht pode levar presidente da Colômbia a renunciar

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Diversos membros da oposição da Colômbia pedem a renúncia do presidente Juan Manuel Santos (foto) caso se confirme que a campanha eleitoral do mandatário tenha recebido propina da construtora brasileira Odebrecht. As informações são da agência italiana ANSA.

Os pedidos surgiram após o procurador-geral Néstor Martínez informar que a campanha de 2014 de Santos teria recebido cerca de US$ 1 milhão da multinacional brasileira. A Procuradoria disse que parte dos US$ 4,6 milhões que teriam sido dados em propina, com intermediação do ex-parlamentar Otto Bula (preso e investigado pelo crime), foram usados pelo comitê eleitoral de Santos.

Em delação no Brasil, a Odebrecht reconheceu que cometeu a prática de suborno em diversos países latinos e que pagou cerca de US$ 11 milhões em propinas na Colômbia entre 2009 e 2014. Além de Bula, o ex-vice-ministro de Transporte Gabriel Morales, que atuava no governo de Álvaro Uribe, foi preso por receber propina.

O ex-presidente colombiano Andrés Pastrana, aberto opositor do governo Santos, usou sua conta no Twitter para pedir a renúncia do mandatário. “Presidente Juan Manuel Santos: se comprovarem os pagamentos da Odebrecht para sua campanha, deve começar a considerar a possibilidade de renunciar”, escreveu.

Já a senadora Claudia López, do partido Aliança Verde, afirmou que essa é “uma situação muito grave” e que se “comprovarem [o envolvimento de] Santos e Vargas Lleras [vice-presidente], eles devem renunciar, porque são os diretos beneficiários desse dinheiro ilegal”. A senadora María del Rosario Guerra, do partido Centro Democrático, exigiu a renúncia imediata do presidente, dizendo que ele “mentiu ao país tendo declarado que o dinheiro não vem de subornos”.

O governo desmentiu a acusação da Procuradoria e disse que o governo não recebeu esse dinheiro e que apenas valores declarados foram dados à campanha.

Investigação – O Ministério Público (MP) da Colômbia negou ter provas que confirmem o uso de dinheiro de propina paga pela Odebrecht na eleição presidencial de 2014 no país. A declaração é uma resposta às informações divulgadas na véspera pela própria promotoria, que ligaram a construtora brasileira ao financiamento da campanha da reeleição do presidente Juan Manuel Santos. As informações são da Radio France Internationale.

O Ministério Público da Colômbia havia informado ontem (7) que parte de uma propina que a empreiteira brasileira pagou a um ex-senador colombiano teria sido destinada à campanha de reeleição de Santos. O ex-congressista Otto Bula, acusado de favorecer a Odebrecht na obtenção do contrato de uma obra pública, “realizou durante o ano de 2014 duas remessas para a Colômbia (…) na soma total de US$ 1 milhão, cujo beneficiário final teria sido o comitê de campanha” de Juan Manuel Santos, disse o procurador-geral, Néstor Humberto Martínez, à imprensa.

Porém, nesta quarta-feira ele mudou seu discurso. “Não temos provas físicas da entrega de dinheiro”, declarou. Segundo ele, o inquérito se baseia apenas no depoimento de Bula, feito sob juramento. Mas, para o procurador, isso já “é prova suficiente” para que o MP solicite ao Conselho Nacional Eleitoral que investigue se ocorreram irregularidades no financiamento da campanha.

No entanto, segundo o procurador, o ex-congressista “não vincula em nada o senhor presidente”. O governo negou as acusações na terça-feira, alegando se tratar de uma estratégia dos grupos próximos a seu rival político, Álvaro Uribe.

O presidente colombiano pediu que as autoridades averiguassem o caso. “Solicito ao Conselho Nacional Eleitoral uma investigação a fundo o mais rápido possível para que se torne pública toda a verdade no caso Odebrecht”, escreveu Juan Manuel Santos em sua conta no Twitter.

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