Fundador do jornal foi traído por cochilo de revisão
AQUILES EMIR
A mídia impressa sempre conviveu com a delicadeza que deve ter uma revisão atenta a fim de garantir uma obra de qualidade, com o mínimo de erros possíveis, já que 100% de correção são praticamente impossíveis.
Seria de Machado de Assis, o mais brilhante escritor da Língua Portuguesa, a comparação de erros nos jornais com o pulmão humano, pois, segundo ele, quando um jornal saísse sem uma incorreção nesse dia seria decretada a sua falência, tal como ocorre com uma pessoa quando o pulmão falha.
O próprio Machado de Assis foi vítima de um erro imperdoável. No prefácio do livro “Poesias Completas”, o linotipista trocou um “e” por um “a” e onde deveria estar a palavra “cegara” saiu “cagara”, o que passou despercebido aos olhos do revisor.
A saída foi uma correção manual, mas o descuido passou para a História, e nunca um exemplar, tal como saído da impressora pôde ser autografado e dedicado a alguém.
Os erros são passíveis, e talvez mais ainda, não mídia eletrônica, principalmente após a implementação de corretor automático nos computadores, tablets e smartphones, mas há como se corrigir a tempo, embora alguém possa armazenar a versão original, bastando fazer um print, armazená-la ou disseminá-la nas redes sociais, seja por inveja, rancor ou perversidade.
Este jornalista há poucos dias, por exemplo, ao noticiar um fato político foi traído quando a palavra “pedetista” foi indevidamente corrigida pelo corretor automático para “pederasta”. A tempo, um atento e amigo leitor fez com o erro desaparecesse, ao fazer o alerta.
Não poderia haver, portanto, situação mais vexatória para o jornal O Estado do Maranhão, veículo que é o embrião do Sistema Mirante de Comunicação. No último sábado (23) saiu sua última versão impressa, com a manchete de capa “Papel cumprido”, na qual chama a atenção dos leitores vão seu nova etapa, agora somente no sistema eletrônico.
Ao longo desses anos, os leitores de O Estado acostumaram-se com a inscrição no topo da capa sobre os fundadores: José Sarney e Bandeira Tribuzzi. Sarney foi também destaque em todas as edições dominicais, pois seu artigo da semana era estampado na primeira página.
Pois bem, na última edição em papel, o inspirador e maior articulista foi alvo de um daqueles erros que o autor do texto só tem um desejo: sumir ou mandar recolher todos os exemplares, corrigir o erro e mandar fazer tudo novamente.
Na capa do principal caderno de variedades, aparece Sarney lendo o jornal e sob a foto uma legenda na qual ele e sua família são tratados como nunca deveriam ser no seu próprio jornal: “capachos”, palavra que, provavelmente, foi trocada por capa.
Aliás, a leitora, também errou! Descubram!
Leitora?
Cometi dois erros, a propósito, para testar o provável leitor… quais são estes erros?
Veja como é difícil publicar sem erros. Erro, aliás, só não comete quem não escreve. E aqui, neste artigo sibre erros, o jornalista comete ao menos dois. No quinto parágrafo anota ” dissimina-la” em lugar de “dissemina-la”, e, no sétimo parágrafo, anota “vão seu nova etapa” em meio à frase “(…) chama a atenção dos leitores, agora semente em papel.”