Obras de João Mohana relançadas na Academia Maranhense de Letras

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São 70 anos da conquista do Prêmio Coelho Neto

A Academia Maranhense de Letras realiza nesta quarta-feira (15), a partir das 19h, uma sessão especial para relançamento de duas das mais importantes obras do Padre João Mohana: O Outro Caminho e Maria da Tempestade. O primeiro tem um significado especial porque foi recebido em 1952, pela crítica especializada, como a introdução de um novo romancista na literatura brasileira, e a obra garantiu ao ator o Prêmio Coelho Neto, outorgado pela Academia Brasileira de Letras (ABL).

Ambos os livros foram reeditados pela Molokai, editora especializada em títulos de linha religiosa católica, num esforço da família Mohana, tendo à frente o empresário José Antônio, que é sobrinho do escritor, para trazer de volta esses títulos que são referências não só para a literatura do Maranhão quanto do Brasil.  Vale destacar que vários livros de João Mohana foram traduzidos para diversos idiomas, inclusive o alemão.

O Outro Caminho foi escrito no curto intervalo de 27 dias, narrado em primeira pessoa, o que, para muitos, é a história do próprio autor, que relata o drama existencial do personagem Eyder, que se torna padre para atender aos pedidos da família.

A vida de Eyder e João Mohana são parecidas, havendo apenas uma inversão: o autor da ficção estudou Medicina, mas depois da morte do pai foi seguir sua principal vocação, o sacerdócio, ingressando no Seminário de Viamão, no Rio Grande do Sul. Foi como padre que ficou mais conhecido e amado por muitos maranhenses.

O caráter autobiográfico ganha ainda mais consistência pelo ambiente em que se dá a narrativa, a cidade de Viana, na Baixada Ocidental Maranhense, onde João Mohana, que é natural de Bacabal (MA), passou boa parte da infância e da adolescência, até mudar-se para a capital do estado, São Luís.

A história de Eyder, em O Outro Caminho, é trazida à tona pelo seu irmão Neco, que apenas reúne as 200 folhas de papel escritas a lápis em que o personagem narra sua vida:

“Há alguns anos vinha com vontade de publicar a vida de meu irmão. Não se trata da vida de um herói, na concepção em que geralmente se usa esse termo. Posso dizer que foi um herói, mas herói a seu modo. Sempre foi meu intento escrever um livro sobre meu irmão e estava apenas esperando a morte dele, para poder realizar esse desejo. O meu trabalho, entretanto, foi bem facilitado, pois encontrei mais de 200 folhas escritas a lápis, contanto justamente aquilo que eu pretendia contar. Li-as avidamente e me surpreendi com as coisas que jamais poderia ter dito, pois só o próprio dono poderia dizer. Não cortei, não emendei, não modifiquei. Conservei o manuscrito com a beleza original, com a nota do autor.’’, escreve Neco.

Padre João Mohana em sessão de autógrafo: romancista reconhecido nacional e internacionalmente

Crítica – Sobre essa obra, a escritora e jornalista Raquel de Queirós escreveu na revista O Cruzeiro, em 1952:

“Recomendo a todos que se interessam por literatura nacional o livro desse maranhrnse. Sempre é perigoso predizir o futuro de um autor pela sua estreia; nunca se sabe se ele tem dentro de si apenas aquela história para contar, ou se, pelo contrário, o primeiro livro é o início de uma obra importante e sempre em ascensão. De qualquer maneira, um romance único basta para fazer um romancista: e parece-me que, com este romance, já conseguiu o autor um lugar seguro na literatura nacional”.

Machado da Fonseca, na revista Verbum, também em 1952, escreveu que “O romancista de O Outro Caminho pode estar certo de que penetrou em um mistério que, ao meu ver, nem o genial Bermanos conseguiu propor nos seus elementos principais. Há páginas no seu livro, de inexcedível força e de uma suprema beleza, como as do capitulo X, logo após a descrição do pecado”.

(Com informações da revista Revista Bula)

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