Ok, você venceu, mas não pode ficar assim

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O que diferencia uma proposta da outra com discursos parecidos

  • JOÃO CONRADO
  • conrado1959@gmail.com

O Maranhão vem perdendo batalha atrás de batalha na guerra contra a fome, a miséria e as desigualdades sociais. Diariamente são divulgados números escabrosos, uma vergonha quando se sabe que o estado é dotado de condições para lá de especiais para deslanchar e alcançar uma posição de destaque no Brasil e no mundo. No entanto, não consegue uma pequena vitória que seja. O que fazer? Entregar os pontos ou apostar em um programa de governo que possa atacar em definitivo as dificuldades que impedem este estado de ocupar seu lugar ao sol?

Esta discussão é oportuna porque, como foi dito no último artigo desta coluna, todas as propostas dos candidatos a governador miram exatamente na transformação de um estado pobre para uma economia pujante. Se todos prometem a mesma coisa, o que diferencia tais planos a ponto de convencer o eleitor?

A resposta é simples: a credibilidade do postulante ao cargo de executivo maior do estado. Uma parte deles já esteve sentada à mesa que toma ou pelo menos influencia nas decisões e os números estão aí para mostrar no que deu. Outra parte nunca chegou perto das decisões estratégicas e paira no ar a dúvida quanto à experiência ou capacidade para reverter o quadro negativo de desigualdades sociais.

Sem querer analisar este ou aquele plano, a pretensão que se coloca nestas linhas é a de mostrar atalhos que podem ser aproveitados ou não por aquele que for eleito. O que se pretende é desenhar um cenário de futuro desejável para o Maranhão, descolorido dos matizes políticos ou ideológicos e centrado na simples vontade de fazer acontecer. Em poucas palavras, responder a duas questões básicas: o que fazer e como fazer.

O grande objetivo é reduzir as desigualdades explorando exponencialmente as cadeias produtivas mais promissoras já existentes no Maranhão. Não é necessário inventar a roda, criar novidades, cair no conto do modismo passageiro, mas tão somente potencializar a capacidade de produção de tudo aquilo que já temos em mãos, que já é realidade, mas que não é explorado de forma adequada. Todo mundo conhece ou já ouviu falar das cadeias produtivas mais promissoras no Maranhão. Não custa lembrar do agronegócio, turismo, geração de energia e logística. Cada uma dessas cadeias produtivas envolve ou tem sinergia, como se fala no jargão econômico, com inúmeros outros setores, o que significa dizer que potencializar apenas esses quatros grandes veios produtivos acaba por movimentar quase todos os setores econômicos. Já temos, portanto, a resposta para a primeira questão: o que fazer?

Discutir como fazer é discutir o papel que o estado quer ter nesse futuro desejável. Nesse caso, temos que partir de algumas certezas e, entre elas, a mais contundente é que não há recursos para um estado participante do setor produtivo. O estado não tem que abrir estatais para ocupar posições no mercado e competir com a iniciativa privada e nem tampouco precisar financiar toda infraestrutura para lastrear o crescimento econômico. O estado precisa apenas ser o indutor do desenvolvimento, o garantidor da segurança jurídica necessária para que os investimentos privados sejam carreados para o Maranhão.

Está se propondo aqui em um modelo assentado nas parcerias público-privadas, nas concessões e nas outorgas em que o poder público delega à iniciativa privada, por meio de editais transparentes, a exploração das atividades produtivas. Em se criando esse ambiente competitivo, haverá interessados em explorar as redes de logística e dotar esse estado de uma malha de escoamento da produção que vai atrair novos investidores para o agronegócio (aí incluída a produção agropecuária, o extrativismo, a pesca e a mineração) e para a transformação das commodities em produtos com maior valor agregado. Nesse formato, também haverá interesse na produção de energia e na exploração de todo o nosso enorme potencial turístico.

Só haverá redução das desigualdades, extirpação da fome e da miséria se forem criados empregos e os empregos só serão criados se o estado proporcionar condições para atrair os investimentos. Um estado focado na indução do desenvolvimento pressupõe que sejam implementadas ações para capacitar mão de obra, garantir a segurança pública e regular as atividades de saúde e educação, que também podem ser exploradas pela iniciativa privada. Somente assim será possível vencer a guerra contra a desigualdade, fome e miséria. Já perdemos algumas batalhas, mas ainda podemos dar a volta por cima.

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