Parada LGBT em São Paulo pede mais direitos e menos discriminação

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Para celebrar os 50 anos das primeiras manifestações de luta pela diversidade sexual, cerca de 3 milhões de pessoas, segundo os organizadores do evento, lotaram neste domingo (23) a Avenida Paulista, em São Paulo (SP), na 23ª edição da Parada do Orgulho LGBTI+. Alguns participantes aproveitaram a oportunidade para pedir Lula Livre, num protesto contra a prisão do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR), onde cumpre pena de prisão por crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Este ano a parada relembra a Revolta de Stonewall, ocorrida em Nova York (EUA) em junho de 1969. Nas ruas da capital paulista, cobertas com as cores do arco-íris, os manifestantes destacaram a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que equipara a homofobia ao crime de racismo.

“Escolhemos o tema e discutimos o assunto com a militância, ao longo de 3 meses, porque é um marco da história do movimento”, afirmou Renato Viterbo, vice-presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, entidade organizadora da manifestação.

Stonewall é uma referência ao bar nova iorquino frequentado por membros da comunidade LGBTI+ (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros), na década de 1960, que resistiram a uma batida policial, gerando uma série de manifestações pela diversidade sexual. Um ano depois ocorria a primeira Parada do Orgulho Gay, em Nova York.

O presidente da Aliança Nacional LGBTI+, Toni Reis, ressaltou que uma campanha contra a fobia contra os homossexuais deve ser lançada assim que for publicado o acórdão pelo STF.

“Acho que é decisão consistente e simbólica. Agora vamos discutir para transformar isso em lei”, disse. Ele acredita que serão necessários instrumentos para garantir o cumprimento da decisão. “Um deles é a educação. “Não para transformar as pessoas em LGBTs, mas para transformá-las em pessoas que respeitem os LGBTI+, que não haja violência”, disse Toni.

Ao visitar o evento, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, disse, que a expectativa do governo municipal é movimentar neste ano mais dos que os R$ 288 milhões registrados em 2018.

Parada Gay, São Paulo, 2019. REUTERS/Nacho Doce

“Isso não significa impostos, mas recursos que são injetados na cidade, no turismo, hotéis, restaurantes. Mais importante do que isso é mostrar para o Brasil e para o mundo que São Paulo celebra a diversidade e quer ser referência em respeito aos direitos humanos.”

Diversidade – A adolescente Maria Morena, 17 anos, trouxe a mãe e a avó de 83 anos para a avenida. “Viemos passar o feriado, mas fiquei sabendo da Parada Gay e disse: “Temos que vir. Não tem como”, disse a jovem, que é de Paraty, no Rio de Janeiro. A avó Aricleia Marques disse considerar muito “justa” a participação. “Viemos mostrar que todos nós somos seres humanos”, disse, ao lado da neta orgulhosa.

“Homofobia, para mim, chega a ser ridículo, porque ninguém está atrapalhando a vida dos outros. Cada um vive a sua vida. Se fere a nossa existência, temos que lutar para quer isso seja normal, porque é uma coisa normal. Mas para a sociedade ainda é muito tabu”, avaliou.

O consultor de vendas Carlos Neto, 26 anos, veio de Belém, no Pará, para “realizar um sonho”. “Aqui é um dia em que a gente pode ser quem a gente é de verdade, andar sem medo na rua. Sem se preocupar se vão olhar com cara torta, se vão nos julgar. Aqui a gente é quem a gente é. Não estamos aqui para baderna ou para impor algo, estamos aqui para mostrar que somos como qualquer um. A gente é tudo isso que o arco-íris transmite”.

Ana Silva, 24 anos, veio de Vitória, no Espírito Santo, e compartilha o mesmo sentimento. “É um momento em que você pode ser livre para expressar quem você realmente é. Às vezes é muito difícil, até mesmo dentro de casa, para falar ‘eu sou gay, eu sou lésbica’. É um momento em que a gente sente essa sensação de comunidade. Aqui você sabe que vai ser aceito sem preconceito”.

São Paulo - 21ª Parada do Orgulho LGBT em São Paulo lota Avenida Paulista (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Respeito – Para presidenta da Associação da Parada do Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros de São Paulo (APOGLBT SP), Claudia Regina, a revolta histórica de Stonewall é um marco importante na luta dos direitos LGBTs do mundo todo.

“Ele nos mostra que, independentemente do governo ou de qualquer ameaça que enfrentamos diariamente na rua, dentro de casa ou em qualquer lugar, precisamos ser fortes, resistir e sermos nós mesmos, vivendo e lutando por nosso amor que não difere em nada do amor de outras pessoas. Lembrar de Stonewall é lembrar de nossas conquistas e do nosso orgulho de ser LGBT”.

A madrinha desta edição é Fernanda Lima e a apresentadora oficial é a drag queen Tchaka. De acordo com Heitor Werneck, produtor artístico, a parada deste ano será mais inclusiva, com atrações circenses e novos talentos da cena LGBT, como o cantor Boivi e Luana Hassen. Até o momento, as atrações principais são a cantora internacional Melanie C e o grupo Sink The Pink, além de Gloria Groove, Aretuza Love, Luísa Sonza e MC Pocahontas.

(Com informações e imagens da Agência Brasil)

 

 

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