Segóvia assume Polícia Federal prometendo combate à corrupção

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(Brasília - DF, 20/11/2017) Solenidade de Transmissão do Cargo de Diretor-Geral da Polícia Federal ao Delegado Fernando Queiroz Segovia Oliveira. Foto: Marcos Corrêa/PR

O novo diretor-geral da Polícia Federal (PF), Fernando Segóvia, assumiu nesta terça-feira (20) o cargo e defendeu um novo capítulo na relação da PF e do Ministério Público Federal (MPF). “Hoje, há uma infeliz e triste disputa entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, mas confio no espírito de maturidade dessas instituições. É preciso escrever um novo capítulo e deixar de lado a vaidade. O único que se beneficia dessa disputa é o crime organizado”, ressaltou.

Segóvia se refere a uma queda-de-braço entre as duas instituições sobre a competência de policiais de firmar acordos de delação premiada nas investigações criminais. Para os procuradores, o dispositivo da Lei das Organizações Criminosas (Lei 12.850/2013) que prevê que o delegado possa fazer acordos de delação é inconstitucional.

Atuação com a PGR – O delegado reforçou que, em conversas prévias com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ficou acertado que a Polícia Federal e o MPF trabalharão de forma conjunta e mais alinhada para concluir investigações que estão no STF e que, para isso, será criada uma força-tarefa entre as duas instituições.

Segóvia avaliou que a procuradoria pode ter agido de maneira apressada na investigação em que o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou o presidente Michel Temer por corrupção no caso envolvendo das delações de executivos da JBS.

“A gente acredita que se fosse pela égide da PF, essa investigação teria que durar mais tempo, porque uma única mala talvez não desse toda a materialidade criminosa que a gente necessitaria para resolver se havia ou não crime, quem seriam os partícipes e se haveria ou não corrupção”, avaliou.

A mala a que Segóvia se refere é a que foi flagrada por investigadores da PF com o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, ao sair de uma pizzaria em São Paulo. Loures foi acusado de ter recebido R$ 500 mil de um executivo da JBS.

Prioridades – Entre as prioridades de sua gestão, o novo diretor-geral destacou o combate à corrupção . Segundo ele, operações como Lava Jato,  Cadeia Velha, Cui Bono e Lama Asfáltica terão foco especial, tanto na atuação junto ao Supremo Tribunal Federal quanto em relação às varas criminais.

Às vésperas de um ano eleitoral, Segóvia disse ainda que o combate a esse crime relacionado às votações também estará no foco central de atuação da PF. A expectativa do diretor-geral é de que a corporação aja “com isenção total, independentemente de partidos políticos”.

Investigações – Durante a cerimônia de transmissão de cargo, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, condenou o que chamou de “ilações especulativas” nas investigações criminais. Ele criticou a convalidação de “imputações sem referências sólidas nos fatos e documentos”.

Evidenciando a divergência com o Ministério Público, Torquato defendeu que é preciso dizer “não à vaidade fruto da ambição ou propósitos ocultos no processo”. “Essas condutas que se desviam da ética agridem mais a sociedade que o próprio indivíduo, porque geram uma dúvida coletiva sobre a isenção da conduta de quem atua em nome do Estado”, completou.

O presidente Michel Temer participou da solenidade, mas não fez uso da palavra.

Segóvia recebeu os cumprimentos do ex-diretor-geral, Leandro Daiello, que anunciou sua aposentadoria, publicada na edição de hoje do Diário Oficial da União. Após quase sete anos no comando da PF, Daiello se colocou à disposição de seu sucessor, fez um agradecimento especial aos servidores e destacou o orgulho de ser policial federal.

(Agência Brasil)

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