
AQUILES EMIR
A possibilidade, cada vez maior, de o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva ficar de fora da disputa eleitoral deste ano, após confirmação em segunda instância de sua condenação a 12 anos de cadeia, cria uma situação inusitada na política maranhense, pois frustra os planos dos dois mais prováveis adversários para o cargo de governador: o atual, Flávio Dino (PCdoB), e sua antecessora, Roseana Sarney (MDB).
Apesar de seu partido, oficialmente, ter uma pré-candidata a sucessora de Michel Temer (MDB), Flávio Dino não faz o menor esforço de colar seu nome ao dela, preferindo uma maior proximidade com Lula, por saber que ele seria um grande puxador de votos, portanto gostaria de, pelo menos esta vez, ser apoiado pelo petista, que nas duas vezes anteriores preferiu estar no palanque de sua adversária.
Candidatura – Sem Lula, o governador agora procura no seu arco de aliança quem botar em primeiro plano no seu palanque, e poderá ainda carregar a imagem do ex-presidente para lembrar que está fora por “perseguição política”, já que integra o time dos que analisam assim a decisão judicial.
O sentimento de abandono com a inviabilidade eleitoral de Lula é vivido também por Roseana Sarney, que, mesmo sabendo da proximidade ideológica do seu adversário do ex-presidente e das suas respectivas legendas, alimentava a esperança de ter novamente o ex-presidente em seu palanque.
Vale recordar que Roseana se elegeu em 1994 com apoio de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ao lado de quem foi reeleita em 1998. Em 2006, quando tentou voltar ao Palácio dos Leões, foi apoiada por Lula, tendo perdido para Jackson Lago, mas recuperou o mandato via judicial em 2009 e quando partiu para a reeleição contra Flávio Dino, novamente contou com o apoio do petista e da sua sucessora, Dilma Rousseff.
Para este ano, embora sem muita exposição, devido aos baixos índices de popularidade do presidente, terá apoio, pelo menos institucional, de Michel Temer.
Flávio Dino, por outro lado, disputou a eleição de 2010 sem nenhum candidato a presidente atrelado ao seu nome e em 2014, quando disputou pela segunda vez, e foi eleito, embora divulgasse o nome da ex-presidente Dilma, o PT estava oficialmente coligado com Lobão Filho (MDB).
Os candidatos oficiais de Dino eram aqueles que mais ameaçavam a reeleição da ex-presidente, Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB, hoje na Rede).
Definidos – Sem Lula, Flávio Dino terá como opções, dentre os candidatos de partidos que poderão apoiá-lo, além de Manuela D´Ávila (se encontrar ânimo para estender a mão à “camarada”), as candidaturas de Ciro Gomes (PDT), Cristovam Buarque (PPS) e até Fernando Collor de Melo (PTC). Já Roseana, até o momento, não sabe quem será seu candidato a presidente.
Numa situação mais cômoda, a ex-prefeita de Lago da Pedra Maura Jorge (Podemos) e o senador Roberto Rocha (PSDB) já têm seu candidatos definidos. A primeira botará em seu palanque o senador paranaense Álvaro Dias e ele, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Já o PRP de Ricardo Murad dificilmente terá candidato a presidente e Eduardo Braide (PMN), se aceitar o desafio de entrar na corrida sucessória estadual, estará ao lado da jornalista Valéria Monteiro, ex-Rede Globo.