Sergio Moro joga uma bomba no colo do presidente Jair Bolsonaro ao se despedir do governo

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AQUILES EMIR

O ex-juiz federal Sergio Moro  deixou o Ministério da Justiça e Segurança Pública, nesta sexta-feira (24), jogando uma bomba  de efeito devastador no colo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a quem cabe agora desmontá-la, Segundo ele, o decreto presidencial desta sexta-feira (24) com a demissão do dir6tor geral da Polícia Federal, Maurício Veleixo, foi uma clara demonstração de que Bolsonaro não o queria mais no governo.

A saída de Veleixo foi o motivo do rompimento entre o presidente e o ex-ministro. Moro disse que alertou o presidente sobre o desgaste de uma interferência política na PF. “O problema não é alguém que entra, mas quem entra”.

Ele lembrou também que o presidente lhe deu carta branca quando decidiu deixar o magistério, onde ficou por 22 anos.

“Quando fui convidado para ser ministro, em 1º de novembro, tivemos uma conversa sobre combate à corrupção e ao crime organizado. Foi dada carta branca para nomear pessoas para todos esses órgãos, incluindo a Polícia Federal”, disse.

Moro chegou a lamentar o momento de sua saída, pois o Brasil enfrenta um grande problema de segurança sanitária com a pandemia de coronavirus. “Primeiro queria lamentar a realização desse evento na data de hoje enquanto estamos passando por uma pandemia,, mas foi inevitavel. Lamento fazer isso nesse momento adverso, mas não foi por minha opção”, disse.

Ele chegou a elogiar a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff pela sua postura em relação à PF. “(Em 2014, no governo Dilma] Gostaria de lembrar que foi garantida a autonomia da Polícia Federal nesses trabalhos de investigação. O governo na época tinha inúmeros defeitos, aqueles números gigantescos de corrupção, mas foi fundamental a autonomia da PF para a realização dos trabalhos naquela época”, disse.

Moro lembrou ainda dos problemas que teve com o presidente. “A partir do segundo semestre do ano passado, passou haver insistência do presidente da troca do comando da Polícia Federal. Houve primeiro desejo de trocar superintendente da PF do Rio de Janeiro, sinceramente não vi motivo para essa troca, mas houve desejo dele próprio de sair por questões pessoais”, disse.

Sobre a troca de Valeixo,  “eu disse que não via problema, mas precisava de uma causa para isso, como insuficiência de desempenho, um erro grave. Vi que o diretor-geral cumpria o seu trabalho de maneira positiva”, afirmou. “Houve essa insisência do presidente, falei para ele que seria uma interferência política, que isso teria impacto político. Interferência na Polícia Federal implica abalo da credibilidade, não só minha, mas do governo federal”.

Ele  hegou a sugerir a Bolsonaro que a troca fosse feito por alguém de perfil técnico, alguém de sua confiança também, e sugeriu o nome do diretor-executivo da PF. “Para evitar uma crise durante a pandemia, eu sinalizei que poderia substituir o Valeixo por alguém que desse continuidade aos trabalhos e que fosse uma sugestão minha. Mas não houve resposta”.

Moro afirmou que Bolsonaro quer interferir politicamente na Polícia Federal. “O presidente me disse que queria alguém que fosse de seu contato, que ele pudesse ligar, ter acesso a relatórios de inteligência e isso não é papel do presidente. A autonomia da Polícia Federal, na aplicação da lei, seja a quem for isso, é um valor fundamental que temos que preservar em um estado de direito. Disse isso ao presidente expressamente. Não entendi apropriado. O problema não é alguém que entra, mas quem entra. Alguém que não consiga dizer não ao presidente me deixa dúvidas se vai conseguir dizer não em outras ocasiões”, disse.

(Com informações da Veja)

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