Limitação é criada tanto na parte externa quanto interna das lojas
AQUILES EMIR
Uma das medidas adotadas pelo Governo do Estado para permitir o funcionamento dos estabelecimentos comerciais, mesmo diante da ameaça de uma expansão da pandemia de covid-19, é limitar o fluxo de pessoas nos estabelecimentos comerciais. Em algumas lojas de supermercados, por exemplo, estão reduzindo à metade os estacionamentos reservados aos seus clientes, mas estes, quando não encontram vagas, botam na rua.
O problema é que as lojas precisam abrir, as pessoas têm necessidade de comprar, principalmente produtos de primeira necessidade, porém as empresas relaxaram a vigilância, permitindo a presença no interior da loja de mais de uma pessoa para a mesma compra, não cobrando distanciamento nas filas de checkout, isto quando elas próprias não se encarregam de aproximar as pessoas, ainda que indesejadamente, pois pior do que a limitação de espaço fora da loja e da aproximação na fila é a adoção de estratégias comerciais que limitam mais ainda o trânsito de pessoas.
Na loja dos Supermercados Mateus do bairro do Anil, por exemplo – o que é adotado nas demais da rede e de outras empresas do gênero -, nos corredores entre as prateleiras são colocadas pilhas de mercadorias, com promoções de preço, o que obriga clientes a reduzirem a velocidade e o distanciamento, pois acabam trombando uma nas outras, tendo de dividir esses espaços com os demais frequentadores.
Essa aglomeração se dá porque é difícil manobrar o carrinho nas proximidades desses amontoados de produtos, e as pessoas, para circularem acabam se aproximando uma das outras, perigosamente, já que nem sempre o contato físico é evitável.
A situação torna-se ainda mais complicada para quem tem dificuldades de locomoção, pois é obrigada a contornar essas pilhas de mercadorias com muita dificuldade, o que seria impossível para um cadeirante. Para quem precisa se amparar em muletas e bengalas é um tormento.
A situação poderia estar ainda mais complicada se o Governo não tivesse revisto o decreto sobre horário de funcionamento do comércio, baixado na primeira semana de março, pelo qual todas as lojas deveriam abrir somente a partir das 09 e todas deveriam fechar até às 21h. O objetivo era diminuir o número de pessoas no transporte coletivo.
Após muitas críticas, o governo flexibilizou o horário, permitindo que supermercados possam abrir às 06h, ou seja, é dado mais tempo para as pessoas fazerem suas compras. O lado negativo foi a adoção do mesmo horário pelas ruas lojas de rua e supermercados, pois isto apenas mudou o horário da aglomeração.
Essa restrição de espaço deveria merecer atenção especial não apenas da Secretaria de Indústria, Comércio e Energia (Seinc), mediadora das negociações do Estado com o empresariado, mas de Saúde, que cuida da segurança sanitária, e de Direitos Humanos, que cuidado dos direitos dos que têm mais necessidade de se movimentarem. Cabe atuação também do Ministério Público neste caso.