Tarifas de ônibus são principal desafio para a retomada de passageiros

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Ônibus que fazem linhas intermunicipais também estão parados, mas o problema parece ser apenas da capital

A redução do valor das tarifas é o principal desafio do setor rodoviário para a retomada dos passageiros dos ônibus urbanos, que vem perdendo usuários anualmente. Mas, para que isso ocorra, é necessária a criação de mecanismos que reduzam os custos das empresas, dando prioridade ao transporte público nas cidades.

A informação consta da pesquisa Mobilidade da População Urbana 2017, realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), apresentada quarta-feira (30 de agosto), no Seminário Nacional NTU 2017, em São Paulo.

Segundo o estudo, as principais necessidades para que os passageiros retornem ao sistema são redução do preço das tarifas (34,5%), maior rapidez das viagens (25,4%), flexibilidade dos serviços (24,6%), maior conforto (22,1%), pontualidade (15,4%) e maior segurança (14,1%).

O presidente da CNT, Clésio Andrade, afirma que é preciso criar um círculo virtuoso. “A única forma de desafogar o sistema é a desoneração tarifária, com a retirada dos impostos do diesel e das peças, por exemplo.” O estudo foi realizado a fim de se conhecer os principais problemas enfrentados pelos usuários e descobrir os motivos que provocaram a substituição dos modos de transporte coletivos por outras modalidades.

Para o presidente da NTU, Otávio Cunha, os dados demonstram claramente que as tarifas são caras para o bolso dos usuários. Ele acredita que uma das soluções para baixar os valores é o custeio de parte do sistema, como as gratuidades, pelo poder público. Atualmente, o benefício é pago exclusivamente pelos usuários. “Além disso, as viagens são demoradas e os usuários gostariam de ter maior flexibilidade na hora de decidirem sobre seus deslocamentos. As redes não estão atendendo às necessidades da população. Para resolver a questão, é fundamental o investimento em infraestrutura, com prioridade ao transporte público”, disse.

A pesquisa revela que é preciso haver a redução no valor das tarifas para que os usuários retornem ao sistema. Para 28,3% dos entrevistados, a queda precisa ser de mais de R$ 1. Já para 19,2%, a redução pode ser menor que esse valor. Entretanto, 24,9% dos passageiros afirmaram que não retornariam ao sistema, mesmo com a redução dos valores.

Segundo os dados, 45,2% de todos os deslocamentos são realizados por meio de ônibus urbanos. Porém, o modal deixou de ser utilizado como meio de transporte público por 38,2% dos entrevistados. Desses, 16,1% o abandonaram totalmente, e outros 22,1% diminuíram o uso. Após deixarem os coletivos, 35,8% dos entrevistados migraram para o carro próprio; 29,1% passaram a andar a pé; 7,9% mudaram para as bicicletas; 7,8%, para as motos; e 3,5%, para os metrôs. Outros modos, como táxis, serviços de carona e de aplicativos de celulares, correspondem juntos a cerca de 10% dessa substituição.

A pesquisa foi realizada com a população residente em 35 cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes. Os questionários foram respondidos pelos responsáveis pelos domicílios, que prestaram informações detalhadas sobre os seus deslocamentos diários. No total, foram realizadas 3.100 entrevistas entre os dias 12 e 23 de junho.

(Agência CNT)

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