Infidelidade financeira causa 45% das brigas de casais: saiba como evitá-la

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Esconder dívidas, mentir sobre ganhos mensais e ocultar patrimônio são sintomas de infidelidade financeira

Apesar de não trazer felicidade, o dinheiro pode, sim, fazer a diferença na durabilidade do seu relacionamento. Segundo pesquisa do SPC Brasil, assuntos relacionados a finanças são motivos de brigas para cerca de 45% dos casais brasileiros.

Em geral, as brigas estão relacionadas à chamada infidelidade financeira, resultado da falta de alinhamento de objetivos, transparência e comunicação a dois. Como consequência, o orçamento do casal é prejudicado, o que pode resultar em planos adiados, dívidas, entre outros exemplos.

O problema não está necessariamente ligado à quantidade de dinheiro disponível para a vida a dois, embora isso também seja importante. Na verdade, o que a pesquisa do SPC revela é que a falta de estabilidade financeira pode gerar conflitos que vão além do valor depositado na sua conta compartilhada, conjunta ou individual. Além de desgastar o relacionamento, esse cenário abre brechas para a instalação de crises conjugais e até para divórcios.

Para evitar esses problemas, é fundamental entender o que é, quais as consequências e como evitar a infidelidade financeira na vida do casal. E o primeiro passo para isso é compreender por que o casal precisa criar o hábito de conversar sobre dinheiro.

A importância de conversar sobre dinheiro – Embora o amor seja importante para sustentar o relacionamento entre duas pessoas, manter o alinhamento e transparência em relação ao dinheiro também é fundamental para a longevidade da vida a dois.

No entanto, o assunto ainda é tabu entre os brasileiros, prejudicando a vida financeira de casais e a gestão do orçamento familiar.

Conversar sobre salário, investimento e despesas, por exemplo, pode ser considerado muito íntimo ou ser visto de forma desagradável em muitos contextos. Esse comportamento é resultado não só de uma herança cultural e social, mas também da falta de educação financeira.

Por não entenderem o assunto, muitos brasileiros não sabem como controlar seus gastos, nem como essa falta de organização os impede de alcançarem seus sonhos. Além disso, muitos deles nem mesmo mantêm algum tipo de planejamento financeiro.

Segundo a pesquisa do SPC Brasil, quase metade dos casais brasileiros não conseguem nem mesmo fazer um planejamento de vida para os próximos cinco anos. Além disso, apenas 17% conseguem guardar algum valor para os gastos do mês seguinte, o que demonstra que os casais também enfrentam dificuldades para criar uma reserva de emergência.

Nesse cenário, cria-se o ambiente perfeito para a adoção de comportamentos considerados característicos da infidelidade financeira, uma das principais causas do divórcio no país.

O problema da infidelidade financeira – A infidelidade financeira ocorre quando alguém esconde ou mente sobre os gastos, despesas e investimentos realizados com o dinheiro do casal. Esse tipo de comportamento se manifesta principalmente com atitudes consideradas sutis, como a omissão sobre uma compra, uma dívida ou o valor de um bem.

O problema é que esses comportamentos não são tão inofensivos quanto parecem. As compras e despesas realizadas sem o consentimento do parceiro ou parceira geralmente começam com valores pequenos, mas podem evoluir para gastos cada vez maiores.

Como consequência, esse comportamento pode comprometer seriamente o orçamento doméstico, o pagamento de dívidas e o planejamento financeiro do casal, gerando diversos atritos no relacionamento. Esta dificuldade em controlar finanças começa quando as pessoas ainda estão solteiras e, em muitos casos, piora quando elas começam a se relacionar com alguém.

Além da falta de educação financeira, este comportamento também é resultado da falta de compreensão sobre a natureza da vida a dois, que exige muita parceria, conversa e alinhamento de todas as áreas da vida do casal, incluindo as finanças.

Muita gente ainda confunde vida financeira equilibrada com pedir autorização do parceiro para fazer uma compra. Porém, não se trata de pedir autorização do outro para gastar dinheiro, mas de conversar sobre o tema, estabelecer regras sobre gastos ou planos com o orçamento para que os dois sejam beneficiados.

Quando isso não acontece, as pessoas podem começar a gastar dinheiro escondido e até a fazer sua própria reserva financeira sem o conhecimento do cônjuge, ou seja, elas cometem a chamada traição financeira. O resultado disso é o comprometimento do orçamento familiar, dificuldade em pagar dívidas e problemas para criar ou seguir o planejamento financeiro.

Sinais de infidelidade financeira – A infidelidade financeira pode ocorrer de diversas formas, sendo que todas tem grande potencial para prejudicar não só a relação amorosa, mas a convivência familiar. Afinal, esse tipo de traição abala um requisito fundamental para qualquer relacionamento: a confiança.

Para identificar esse comportamento, corrigir o problema e evitar que isso se transforme numa crise conjugal, o ideal é controlar suas próprias atitudes e observar o comportamento financeiro do parceiro ou parceira.

Para isso, é fundamental ficar atento aos sinais de infidelidade financeira, tais como:

  • Mentir ou ocultar seus ganhos mensais, como salários, bônus, rendimentos, comissões e promoções;
  • Esconder dívidas e informações sobre a real situação financeira da família;
  • Se recusar a criar uma conta compartilhada ou conjugada para o casal;
  • Ocultar patrimônio;
  • Encontrar compras escondidas ou extratos de contas desconhecidas;
  • Usar indevidamente os recursos da conta compartilhada;
  • Adquirir bens e fazer empréstimos em o consentimento do parceiro;
  • Gastar o dinheiro destinado ao pagamento de contas para compras pessoais;
  • Identificar gastos excessivos no cartão de crédito;
  • Se recusar a conversar sobre finanças;
  • Demonstrar uma preocupação excessiva e repentina sobre os gastos do casal.

Como evitar a infidelidade financeira? – O primeiro passo para evitar a infidelidade financeira é desenvolver o hábito de conversar sobre as finanças do casal de forma transparente, sincera e amigável.

Para que a conversa seja realmente proveitosa, é fundamental que o casal desenvolva maturidade para tratar do tema e que se comprometa a adotar um comportamento financeiro mais equilibrado, beneficiando não só as finanças, mas também o bem-estar do casal.

Nesse contexto, as atitudes egoístas devem ser substituídas por ações guiadas pelo planejamento a dois, considerando os objetivos e orçamento do casal. Isso não significa que as pessoas devem renunciar momentos a sós e não usar dinheiro em busca de satisfação pessoal.

No entanto, esses momentos não podem comprometer o orçamento familiar. Por isso, o diálogo também deve ser usado para estabelecer regras e acordos para o uso dos recursos do casal.

Definir limites para o uso da conta compartilhada ou valores máximos para compras pessoas, por exemplo, são algumas das medidas que podem ser adotadas pelo casal.

O ideal é que essas regras estejam alinhadas com o planejamento financeiro da família e que o casal saiba como gerenciar o orçamento de forma equilibrada e eficiente. Por esse motivo, investir em educação financeira é tão importante quanto conversar sobre dinheiro.

Esse investimento é essencial para desenvolver maturidade, se livrar das crenças limitantes e parar de tratar como tabu qualquer conversa sobre assuntos financeiros. Desta forma, será mais fácil se livrar da infidelidade financeira e aumentar as chances de manter um relacionamento mais saudável e duradouro.

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