A reunião debateu protocolos de tratamento da covid-19
Apesar de não defender nenhuma medicação específica, o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Donizetti Giamberardino, ao participar na manhã desta segunda-feira (19) de reunião da Comissão Temporária da Covid-19 (CTCOVID-19) do Senado, disse que os médicos têm autonomia na prescrição de medicamentos, e que o CFM alerta esses profissionais a não se excederem na indicação de exames e remédios excepcionais.
Ele afirmou ainda que a Medicina caminha ao lado de evidências científicas e disse que a indicação inadequada de tratamentos pode levar os clínicos a responderem judicialmente. “O médico tem capacidade e deve decidir, em dose e tempo corretos. E isso se refere a qualquer medicação. Mas essa autonomia é limitada ao benefício, e quem ultrapassar responde por isso”, alertou.
O vice-presidente do CFM defendeu também a vacinação em massa como solução para a pandemia e pediu que a população esteja atenta às medidas de contenção do coronavírus: uso da máscara, higiene das mãos e distanciamento social.
“Precisamos dos esforços de todos os legisladores e executivos na compra da vacina. O melhor caminho, talvez, seria fábricas no Brasil, [já que] essa vacinação a conta-gotas tem um resultado menos efetivo do que a em massa. Precisamos de políticas públicas de conscientização da população, e não de condutas públicas que a confundam, o que é um desserviço”, ponderou.
Intubação – Diretor do Hospital DF Star de Brasília, o médico intensivista Fabrício Silva lamentou que, de cada dez pacientes intubados com covid-19, oito morram no país. Ele afirmou que os métodos de sedação e analgesia não são algo simples e que médicos recém-formados ainda estão imaturos para tratar da situação.
O debatedor deu sugestões, como a elaboração de cartilha com o passo a passo sobre esses procedimentos e ainda cursos com orientações para atendimento dos pacientes iniciais. Silva também sugeriu a instalação de uma linha de discussão com o Ministério da Saúde, com plantão 24 horas, para que os profissionais possam discutir os casos mais sérios.
Para o médico, as autoridades precisam entender as características de cada região do país, a fim de colaborar com a padronização do tratamento dos infectados com covid-19, “numa linha de cuidado que seja única, de norte a sul do país”.
Críticas – Senadores criticaram a posição do CFM. A senadora Zenaide Maia (Pros-RN), que é médica, questionou se o órgão permanece com a mesma posição “mesmo depois de um ano de pandemia e vários estudos científicos terem comprovado a ineficácia dos medicamentos”, como a Ivermectina e o Hidroxicloroquina.
Já Kátia Abreu (PP-TO) considerou a posição do conselho semelhante à do imperador romano Pôncio Pilatos, que condenou Jesus Cristo à morte.
“Vocês [do CFM] lavaram as mãos. Poderiam ter dado uma grande contribuição ao país, e não deram. Preferiram obedecer a burocracia. Enquanto isso, morrem quase 400 mil pessoas no Brasil”, protestou.
Além do CFM, participaram do debate virtual sobre os protocolos para o tratamento dos infectados representantes do Instituto Questão de Ciência (IQC), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e dos médicos intensivistas.
(Agência Senado)