JONAS VALENTE
Ainda no início da tarde desta sexta-feira (27) as imagens do eclipse lunar já inundavam as redes sociais. A partir da Ásia, o fenômeno ficou visível especialmente de países do Oriente Médio e do Norte da África. A Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa) transmitiu ao vivo em seu serviço de vídeo online (streaming) imagens do eclipse de diferentes pontos do globo, a partir de observatórios em países como os Emirados Árabes Unidos, Grécia e Israel. Na transmissão, foi possível ter diferentes ângulos e efeitos luminosos do evento na superfície lunar.
No Brasil, pessoas se mobilizaram em diversas cidades para acompanhar o evento, que recebeu o nome de “Lua de Sangue” por conta do efeito avermelhado que se forma na refração dos raios solares na superfície lunar. Os tons alaranjados e avermelhados se deviam à passagem dos feixes de luz pela atmosfera terrestre. A expectativa também era pelo planeta Marte, que apareceria de maneira mais visível do que de costume.
A psicóloga Inês Carneiro estava em um dos grupos de amigos que se reuniram no local. Eles decidiram fazer um piquenique para esperar o evento. “O eclipse tá lindo. As pessoas se reuniram espontaneamente, há pessoas meditando na praia, que está mais cheia que de costume. Está um clima muito alegre”, relatou Inês.
São Paulo – Em São Paulo, além dos parques, como o Ibirapuera, a selva dos arranha-céus foi ambiente propício para arrumar um posicionamento melhor para ver, e registrar o eclipse. A fotógrafa Sara de Sanctis escolheu o terraço do prédio onde mora, onde os amigos fizeram um churrasco. Outros moradores também optaram pelo terraço como local de observação.
“A gente não viu o eclipse total. Vimos somente a penumbra. Mas foi bom reunir os amigos. Acabamos aproveitando para comemorar o aniversário de um dos amigos no espaço”, relatou a fotógrafa, de origem italiana, mas que mora no Brasil há cinco anos.
Brasília – Na capital federal, a Esplanada dos Ministérios ficou totalmente parada por conta do trânsito. Na Torre de TV, cartão-postal da cidade e ponto mais alto da avenida, centenas de pessoas se reuniram. Um pouco mais acima, o Memorial dos Povos Indígenas recebeu o projeto Culturas Vivas, que convidou pessoas para acompanhar o fenômeno em meio a uma intensa programação, que contou com cânticos tradicionais Krahô e exibição de filmes.
A advogada Diana Melo e o grupo de mães do qual faz parte levaram filhos para o espaço, que não tem teto e permitiu uma vista particular da lua. “A gente gosta de trazer as crianças e a gente mesmo ver como a vida é diversa. Foi muito mágico estar no espaço, escutar uma apresentação indígena e dançar com eles, sendo que o povo Timbira está também na minha terra, o Maranhão”, contou.
A Praça dos Três Poderes ficou lotada de pessoas com câmeras, binóculos e telescópios. A secretária Leonice Santos foi pela primeira vez olhar o eclipse e se espantou com o público. “Tá bastante tumultuado”, comentou. Parte dos instrumentos foi disponibilizada pelo Clube de Astronomia de Brasília. Muitas pessoas esperavam nas filas para conferir a lua por meio das lentes.
Leandro Viegas, servidor público, era uma dos com tripé e binóculo para conferir melhor o evento. Acostumado à observação no local, ele notou a diferença do público, que atribuiu à divulgação do evento. “Eu acompanho, em casa temos telescópio. Em casa, costumamos observar. Mas neste teve a diferença da mídia falando tanto, dizendo para não perder a lua”, disse.
O servidor fez os registros usando a câmera e o binóculo. Mostrou as fotos com os ralos tons avermelhados. O efeito da “Lua de Sangue” ficou menos visível na capital pelo posicionamento dela, diferentemente de cidades do litoral do país.
A estudante Susana Lins, passando férias na capital, sentiu falta da coloração. “Achei mais ou menos. Eu esperava mais, uma coisa mais bonita, mas é só uma sombra. Foi como outro eclipse que eu já tinha visto no ano passado”, lamentou.
O pai, o advogado Rodrigo Lentz, levou Susana e o irmão, Breno, como parte da programação de férias. Aproveitou o tempo de espera na fila para explicar aos filhos o que era o eclipse. Lentz sabendo do evento promovido pelo Clube de Astronomia e foi à praça. “A gente se surpreendeu com o número de pessoas”, exclamou.
(Agência Brasil)