ALANA GANDRA
A atriz, cantora e diretora Bibi Ferreira, de 96 anos, morreu hoje (13) de enfarte em sua casa, no Rio de Janeiro. Segundo o empresário da atriz, Nilson Raman, Bibi reclamou de falta de ar e, no momento seguinte, já não respirava.
“A gente sabia que, em algum momento, isso chegaria, porque faz parte do jogo. A saudade existirá sempre, mas talvez a qualidade de vida que Bibi tivesse ali não fosse a melhor do mundo para ela também. Às vezes, a gente, de forma egoísta, se prende muito em querer a pessoa sempre ali, mas tem que entender se a pessoa está bem naquilo que está vivendo”, disse Raman à Agência Brasil.
O empresário lembrou que, em nota divulgada em setembro do ano passado, Bibi comunicou sua saída da vida pública. Em seu perfil em uma rede social, Bibi, que era chamda de grande dama do teatro escreveu: “Nunca pensei em parar, essa palavra nunca fez parte do meu vocabulário, mas entender a vida é ser inteligente. Fui muito feliz com minha carreira. Me orgulho muito de tudo que fiz. Obrigada a todos que de alguma forma estiveram comigo, a todos que me assistiram, a todos que me acompanharam por anos e anos. Muito obrigada! Bibi”.
Nascida em 1º de junho de 1922, a pequena Abigail Izquierdo Ferreira, mais conhecida pelo nome artístico de Bibi Ferreira, era filha do ator Procópio Ferreira e da bailarina argentina Aída Izquierdo. Bibi tinha ascendência portuguesa, espanhola e argentina. Foi casada seis vezes e deixou uma filha, Teresa Cristina.
Sua estreia no teatro ocorreu quando tinha 24 dias de vida, na peça Manhãs de Sol, de autoria de Oduvaldo Vianna, substituindo uma boneca que desaparecera pouco antes do início do espetáculo. Em 1983, com o espetáculo Piaf, a Vida de uma Estrela da Canção, Bibi recebeu os prêmios Mambembe e Molière. O corpo da atriz será velado a partir de hoje no Theatro Municipal, no centro do Rio.
Vida – A filha da atriz e cantora Bibi Ferreira, Teresa Cristina, afirmou que sua mãe “viveu como queria” e “teve uma vida muito boa”. Bibi morreu de infarto, em casa, na manhã desta quarta-feira, aos 96 anos. O corpo de Bibi será velado no Theatro Municipal, onde ela foi diretora de dramaturgia, quando existia essa área no equipamento, além de ópera e balé.
O empresário de Bibi, Nilson Raman, disse que a atriz era uma amiga de longa data. “Era uma mulher simples, generosa, amiga. Era uma mulher que, quando entrava no teatro, não saía sem se despedir de todo mundo, para agradecer por aquele dia de trabalho, fosse a camareira, fosse o diretor. Ela sempre falava para mim que, para quem faz teatro, todo mundo é importante. Se não abrir a cortina, não tem show”.
Tina lembrou que sua mãe sempre falava que, para representar bem algum personagem, era preciso observar a vida e as pessoas. “É a melhor escola”. De acordo com Tina, nem os médicos entendiam como Bibi conservava a voz, apesar da idade avançada. “É um fenômeno da natureza”, diziam os médicos. Bibi atuou nos palcos até os 95 anos de idade. Em setembro do ano passado, divulgou nota, na qual comunicava que se afastava da vida pública.
Como diretora, Bibi Ferreira era amiga, mas severa, afirmou Tina.
Grande dama – Em nota divulgada à imprensa, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, lamentou a morte da grande dama do teatro, Bibi Ferreira.
“O teatro brasileiro perdeu hoje sua grande dama. Bibi Ferreira praticamente nasceu no palco e se tornou a referência maior de uma profissão que ela, como ninguém, honrou ao longo de nove décadas. Atriz, cantora, diretora, Bibi criou sua própria companhia teatral e formou talentos que também marcaram a dramaturgia brasileira. Agora, Bibi será lembrada por sua inesgotável paixão pelo ofício de representar, o que fez até recentemente”, diz o texto.
Crivella diz ainda que pedirá a Deus que conforte a família e os admiradores da atriz, e conclui: “a estrela maior brilha no céu da cultura nacional”.
(Agência Brasil)