Expectativa para o ano novo

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New year's eve fireworks in the sky

A crescente polarização entre direita e esquerda é outro fantasma a ser tratado com certo respeito

  • JOÃO CONRADO
  • conrado1959@gmail.com

As opiniões se dividem, mas muitos acreditam que 2021 será o prenúncio do fim dos tempos. Razões não faltam para quem acha que a peste, a fome e a morte, três cavaleiros do apocalipse descritos pelo Apóstolo João, já cavalgaram até nossa praia e que em breve teremos a guerra. Faz sentido, depois da Covid-19, que insiste em retornar, e da crescente beligerância entre países ocidentais e a China.

Deixando de lado por um momento essa visão catastrófica, aqui trazida apenas para ilustrar a baixa estima da população, o cenário para 2021 não é dos mais claros, nem aqui nem em qualquer outra praia do planeta. Não bastasse a segunda onda, que já fechou a metade da Europa, boa parte dos Estados Unidos e alguns locais mais precavidos aqui no Brasil, ainda temos alguns fantasmas em nosso encalço. A inflação é um deles, já prevista aqui nesta coluna desde o início da pandemia. Naquela época, na contramão do pensando então reinante de que as pessoas iriam se confinar e deixar de consumir, provocando queda nos preços, advogávamos que as pessoas confinadas continuariam demandando bens e serviços, ainda que em menor escala, porém sem produzir. A escassez forçaria a elevação dos preços. Não só isso aconteceu, mas também assistimos os naturais problemas de sazonalidade pressionando a produção agrícola, o fortalecimento das moedas fortes e a demanda aquecida em certos países, notadamente por alimentos, jogando gasolina na fogueira da inflação.

A crescente polarização entre direita e esquerda é outro fantasma a ser tratado com certo respeito. Questões de ideologia econômica e política tendem a provocar tensões diplomáticas e colocar os países à beira de um conflito que, embora não descambem para uma guerra, provocam impactos no comércio internacional e afetam as nações mais vulneráveis. Apesar das urnas estarem dando lições de que a população prefere se aproximar do centro do que pender para os extremos, as cadeiras ainda são ocupadas por radicais capazes de destilar venenos que intoxicam a diplomacia e põem em risco a paz mundial.

Porém, nem tudo está perdido. Há a outra parcela que acredita que o mundo vai encontrar a saída para crise. Razões também não faltam a esses otimistas e uma delas é a vacina contra a Covid-19, já em início de aplicação. Mesmo se tornando objeto de disputa política e levando a verdadeiras campanhas contra o seu uso, espera-se que 2021 possa ser o ano da imunização do rebanho e o fim da pandemia.

Se isso ocorrer, tudo volta ao normal. O turismo será restabelecido, assim como os jogos, shows, congressos e toda sorte de evento que movimente pessoas pelo planeta e, consequentemente, riqueza. Escolas e igrejas voltarão a funcionar, o comércio reabrirá em sua plenitude, jovens voltarão a se divertir nas suas baladas e a roda fortuna volta a girar. Faz também muito sentido.

Diante dessas duas posições diametralmente opostas e possíveis, em qual delas apostar? Essa é a pergunta que não quer calar. Muitas, mas muitas pessoas mesmo ainda estão reclusas, evitando sair, fazer contato, se aproximar dos outros, com medo da doença. Outros agem no sentido contrário, sem demonstrar qualquer preocupação com a possibilidade de se infectar ou infectar os demais. Encontrar o meio termo entre euforia e medo, entre o apocalipse e o fim do arco íris será o caminho mais difícil, porém o que vai separar vencedores de perdedores.

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