AQUILES EMIR
Uma das maiores novidades da Agrobalsas 2017, aberta nesta segunda-feira (15) e que prossegue até sexta-feira (17) é a apresentação do Boi Tropical, resultado dos cruzamentos das raças bovinas Nelore, Curraleiro (pé-duro), Senepol e Angus. O principal objetivo desse trabalho desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é reunir em um bovino as melhores características com vistas à produção de carne com qualidade em regiões quentes e inóspitas.
A junção das qualidades das raças formadoras do Boi Tropical tornará a pecuária brasileira mais racional e sustentável pelo melhor uso de pastagens naturais e como componente animal nos sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). A redução no uso de medicamentos e no consumo de grãos (soja e milho) elevarão a rentabilidade da atividade, a qualidade da carne e divisas para o País, principalmente em um cenário de aquecimento global.
Quando os zebuínos chegaram massivamente ao Brasil, em meados do século XX, existiam 12 raças nacionais: Caracu, Igarapé, Pedreiro, Turino, China, Mocho Nacional, Lageana, Pantaneiro, Junqueira, Franqueiro, Curraleiro e Malabar. Com os cruzamentos que se seguiram de maneira desordenada, muitas vezes estimulados e financiados pelo poder governante, os rebanhos locais atingiram níveis críticos de sobrevivência, chegando à beira da extinção. O vigor híbrido (heterose) apresentado nos produtos resultantes daqueles cruzamentos foi mal-interpretado, tendo sido atribuído apenas à introdução do Zebu, desqualificando o pequeno e tardio bovino nacional.
Na pesquisa da Embrapa foram utilizados diversos touros Curraleiro Pé-Duro em vacas Nelore para produção do F1 na Fase 1. Foi alcançado níveis de heterose em algumas características econômicas acima de 20 % em relação às gerações parentais. Foram avaliados o desempenho ponderal do nascimento aos 28 meses em pastagens naturais no Estado do Piauí, conjuntamente com contemporâneos Nelore e Curraleiro Pé-Duro durante sete anos consecutivos nos campos experimentais da Embrapa Meio-Norte.
Os machos foram encaminhados ao abate para avaliações de carcaça e qualidade da carne. Já as fêmeas F1, após seleção das matrizes acima da média, foram encaminhadas à reprodução, em cruzamentos com Angus Vermelho ou Senepol para produção da progênie F2. Os melhores produtos machos de cada esquema foram cruzados com as fêmeas do outro esquema para produção do bovino composto Tropical.
Pesquisa – As pesquisas em andamento agora deixarão os campos experimentais da Embrapa e envolverão rebanhos privados como núcleos de formação, avaliação, seleção e propagação do novo genótipo pelo rentável agronegócio brasileiro. As pesquisas também continuarão em diversos sistemas de criação e terminação: a pasto nativo, iLP (integração lavoura-pecuária), iPF (integração pecuária-floresta), pastagens melhoradas, pastagens irrigadas e em confinamento.
As características a serem melhoradas e fixadas serão precocidade no ganho de peso e no acabamento da carcaça, rendimento de carcaça, qualidade da carne, adaptabilidade aos trópicos quentes e resistência ou resiliência à doenças e à ectoparasitas.